0 Por largos campos de escuridão

Por largos campos de escuridão
estendia-se aquela região abandonada.
A luz prateada da lua nunca fora vista
por sobre aquelas terras charcas,
onde fantasmas e pesadelos dividiam
o ambiente fúnebre e recolhido.
Árvores doentes, velhas e distorcidas,
crivavam a paisagem, acompanhadas
de antigas criaturas ramelentas que se
esgueiravam por entre ruínas e
destroços doutra civilização. Ali
próximo, havia uma velha ponte de
cordas que pairava carcomida sob
lago imóvel que refletia dimensões do
além-mundo.

Do lago debaixo da velha ponte
distinguiam-se imagens de puro terror
e desespero. Sob a inercia da tela
liquida, figuras de outros tempos eram
exibidas. Castelos nefastos erguiam-
se, juntos de cavaleiros e vilarejos
medievais. Fogueiras monstruosas
crepitavam e multidões iradas,
embaladas por flautas lamentosas,
urravam clamando pela morte do
próximo. Falsos juízes de capa preta
proferiam julgados em nome de um
deus que jamais existiu. Eram tais
juízes, na verdade, chancelados por
outra força, blasfema e amaldiçoada
pelos antigos. Vigor maléfico, este,
que após eras fez-se e faz-se cada
vez mais poderoso. Arrepios malignos
tomavam conta das galeras quando as
flautas abissais, em coro, cortavam os
ares e sua carcaça monstruosa e
sobrenatural desfilava em rua aberta.

Por Yuri Sebastian Ferrari

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