0 Palavrinhas Mágicas

por Thaís Reis

As pessoas dizem que as palavras tem poder, sim eu acredito nisso, elas tem sim poder. Talvez esses poderes, mágicos, ou não, tenham entrado em ação quando você disse que eu sentiria saudade de você, ou talvez tenha sido apenas uma consequência de inúmeros fatos, ou a resolução de uma equação, uma mera equação, para você que é tão matemático.

Pode ter sido a consequência de uma promessa, uma das tantas que já foram cumpridas, quando antes de fazer suas suposições e afirmações politicamente e matematicamente corretas, você prometeu que nunca se esqueceria de mim, também disse que pensaria em mim todos os dias, mas isso não conta como promessa, pois se contasse certamente não seria cumprida.

Por não ser hipócrita e não prometer coisas de mais, a maioria do que você promete, ou até mesmo fala de boca para fora é maravilhosamente cumprido.

E para mim que não te prometi nada resta a expectativa e o arrependimento de não ter te prometido algo impossível de não se cumprir, e por mais que eu não olhe o relógio, não consigo segurar a ansiedade, pois parece que passei horas a fio esperando por você, se nem um livro consegue me entreter, e músicas só me lembrem você, o que me resta é imaginar coisas bobas e sorrir a cada lembrança sua, pois parece que essa semana foi mais longa que um ano.

E a cada barulho diferente eu corro os olhos a sua procura, mesmo sabendo que é em vão, pois você não está aqui, o máximo que eu posso fazer é ficar aqui quietinha esperando por você, pois talvez essa seja a primeira de muitas promessas, ou talvez ela seja a única, mas com certeza vale por alguns bocados. Eu prometo que sempre esperarei por você.

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Localidade: Pará


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2 O que eu sinto por ti

O que eu sinto por ti
Transborda aos olhos
Invade a garganta
Estremece o corpo
Inebria a mente

Então me diga como posso não te
amar?
Se cada ponteiro do relógio parece um
continente inerte
Dentro do espaço tempo infinito
Que são as horas longe de ti
Permitiria à física
A um louco apaixonado como eu
Que movimento retilíneo uniforme dos
meus passos
Diminuísse a distância entre nós

Na mesma proporção de aceleração
Da vontade de estar do teu lado?

Taís De Araújo Pereira

0 Alinhado

aquele cara
é melhor que eu
não bebe
não fuma
não é bagaceiro
tem porte
sequer enlouquece
vê se me esquece
e boa sorte.

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0 Caçada

Observo-te com olhos de coruja
não adianta
não fuja
de minha boca
a babuja
é certo que esta noite
ficarás toda suja
terei teu corpo
de lambuja

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0 Como em um gole de líquido verde, as palavras transcendiam o plano material

Como em um gole de líquido verde,
as palavras transcendiam o plano
material,
e proferiam as boas novas na cidade
do aço.

As angústias,
os medos,
e o desespero mudo,
esvaeciam,
perdendo o seu cargo de vigilantes.

Senhoras debruçadas sobre as
páginas amareladas,
gastas e amassadas,
à luz do lampião,
envolvidas com situações nunca
experienciadas.

Os sonhos do operário,
outrora presos a linha de montagem,
ganham liberdade ao folhear um livro,
e se permitem a almejar uma nova
trajetória.

A poesia,
finda o azedo da melancolia.

por Débora Mitrano

0 Por largos campos de escuridão

Por largos campos de escuridão
estendia-se aquela região abandonada.
A luz prateada da lua nunca fora vista
por sobre aquelas terras charcas,
onde fantasmas e pesadelos dividiam
o ambiente fúnebre e recolhido.
Árvores doentes, velhas e distorcidas,
crivavam a paisagem, acompanhadas
de antigas criaturas ramelentas que se
esgueiravam por entre ruínas e
destroços doutra civilização. Ali
próximo, havia uma velha ponte de
cordas que pairava carcomida sob
lago imóvel que refletia dimensões do
além-mundo.

Do lago debaixo da velha ponte
distinguiam-se imagens de puro terror
e desespero. Sob a inercia da tela
liquida, figuras de outros tempos eram
exibidas. Castelos nefastos erguiam-
se, juntos de cavaleiros e vilarejos
medievais. Fogueiras monstruosas
crepitavam e multidões iradas,
embaladas por flautas lamentosas,
urravam clamando pela morte do
próximo. Falsos juízes de capa preta
proferiam julgados em nome de um
deus que jamais existiu. Eram tais
juízes, na verdade, chancelados por
outra força, blasfema e amaldiçoada
pelos antigos. Vigor maléfico, este,
que após eras fez-se e faz-se cada
vez mais poderoso. Arrepios malignos
tomavam conta das galeras quando as
flautas abissais, em coro, cortavam os
ares e sua carcaça monstruosa e
sobrenatural desfilava em rua aberta.

Por Yuri Sebastian Ferrari

0 ...

Dois extremos
Que parecem paralelos
Repelem-se opostos
Atraem-se iguais
Seguem assim
Distante entre os polos
E próximos da pele
Permanecerão meus desejos
Incógnitos
Na imensidão dos teus olhos?
Ou serei mero coadjuvante
A mercê da tua vontade
E da minha necessidade
De gozo constante?

Taís De Araújo Pereira